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Métodos contraceptivos sempre rendem uma longa discussão, e entre prós e contras é realmente difícil optar por um caminho certo, ainda mais carregando o peso social que coloca a obrigação da prevenção nas costas das mulheres. Para aliviar as angústias e podermos exercer nossa liberdade sexual, buscamos informação, e em uma conversa com a ginecologista Dra. Maria Alice Panichi compilamos algumas dúvidas frequentes dos métodos mais procurados para auxiliar na escolha.

Começamos pela mais comum: a camisinha ~sem contra indicações, exceto em casos de alergia ao látex (para os quais já tem opções disponíveis em sexshops), a camisinha é o único método sem efeito colateral e bastante seguro se colocado da maneira certa. Depois dele, o mais comumente utilizado é a pílula convencional, que nos últimos anos ela vem ganhando destaque pelos efeitos colaterais provocados em algumas mulheres. “O risco mais importante é o de efeitos tromboembólicos – trombose venosa profunda que pode evoluir para embolia pulmonar ou cerebral. Mas esses são eventos extremamente raros”, conta Dra. Maria Alice. E, por isso, a opção pela pílula deve ser feita, como qualquer outro método, junto com o médico. Durante a consulta, a paciente deve preencher um questionário com fatores de risco – como histórico de tromboembolismo por uso de pílula, se a paciente é fumante, se apresenta doenças como diabetes, hipertensão ou doenças autoimunes.

Apesar de ter ganhado ares de vilã, Maria Alice confirma que “[a pílula] tem um efeito protetor para o ovário, estando comprovado o benefício na prevenção do câncer de ovário”. Ela também aponta para os efeitos positivos sobre a TPM, com melhora dos sintomas, e redução do fluxo menstrual e benefícios para pele.

Em porcentagens

Mas não é preciso delimitar a escolha a apenas este método, muito embora seja o mais difundido, ele não é nem de longe o sinônimo de contracepção. Inclusive, se formos falar em termos de eficácia, em primeiro lugar temos o implante contraceptivo (Implanon NXT), que chega a 99,95%. Um pequeno bastonete inserido sob a pele do braço da mulher libera continuamente Etonogestrel na corrente sanguínea, inibindo a ovulação. Pode durar até 3 anos.

O segundo lugar em termos de eficácia fica com o DIU hormonal (também conhecido pela marca mais popular, Mirena) com 99,8%. Este método, inclusive, tem recebido uma atenção especial por parte do público feminino. Diferente do DIU de cobre, que não interfere na ovulação, nos hormônios ou no corpo da mulher; o DIU hormonal libera levonorgestrel em doses baixas. Segundo a Dra. Maria Alice, entre os efeitos colaterais mais comuns estão: dor nas mamas, acne, retenção de líquido, dor de cabeça e queda de cabelo. Mas o procedimento de inserção é simples, feito em consultório.

Na hora do aperto

Além de preventivos, que possuem eficácia de 98% com as devidas orientações e cuidados sobre colocação e uso, existem métodos de emergência com a pílula do dia seguinte. Segundo Maria Alice, “a contracepção de emergência deve ser utilizada até o 5º dia após a relação sexual desprotegida. Sua eficácia chega a 98,9% se tomada nos 3 primeiros dias e de 97,3% se tomada no 4º ou 5º dia após a relação sexual desprotegida”.

Mas, o importante é ressaltar o fator emergencial, afinal este método não deve ser usado como uma contracepção regular. O interessante é saber que mesmo as mulheres que têm contraindicação à utilização da pílula regular podem fazer uso da pílula do dia seguinte. A única contraindicação absoluta é em caso de gravidez comprovada. “Mulheres com histórico de AVC – acidente vascular cerebral, tromboembolismo, enxaqueca severa (com aura) ou diabetes com complicações vasculares devem utilizar com precaução”, recomenda.

Para eles

Nesta leva de medicamentos, lembramos que há algum tempo tem se falado sobre o desenvolvimento da pílula masculina. Segundo Maria Alice, pode ser uma realidade sim, que agiria na produção de espermatozoides, diminuindo sua quantidade. “Na minha opinião pode existir, mas para um futuro distante, tendo em vista os efeitos colaterais e a visão na nossa sociedade de que é a mulher que tem a responsabilidade sobre a contracepção”, pondera.

Além disso, é sempre importante lembrar que a camisinha evita não apenas a gravidez, mas a transmissão de doenças sexuais, podendo ser utilizada junto da maior parte dos demais métodos contraceptivos, aumentando a segurança da relação.

O ideal

Além dos métodos abordados, existem inúmeras outras possibilidades (confira nossa tabela abaixo). O importante é saber que toda decisão deve vir acompanhada da consulta médica, por mais comum que seja. Afinal, neste contato é que o profissional poderá avaliar o histórico de doenças de cada paciente. “A adaptação é de cada organismo, não existe um método que vai ser bom para todas as mulheres. A paciente deve tirar todas as suas dúvidas e, no final, ela mesma escolhe com o qual mais se identifica”, finaliza.